Novo estudo revela possível aparência de Ötzi, o “Homem de Gelo”
Análise de sua composição genética revelou que a múmia de 5.300 anos tinha pele escura, olhos escuros e provavelmente era careca
O mistério sobre sua morte violenta e sobre quem ele era despertou fascínio muito além do campo da arqueologia. A cada ano, milhares de pessoas visitam sua múmia no Museu de Arqueologia do Tirol do Sul, em Bolzano, na Itália.
Um novo estudo do DNA extraído da pélvis de Ötzi sugeriu que ele ainda tem alguns segredos para revelar. A análise de sua composição genética revelou que a múmia de 5.300 anos tinha pele escura, olhos escuros e provavelmente era careca.Isso contrasta com a reconstrução até então conhecida de Ötzi, que retrata um homem de pele clara com cabelos e barba em abundância. “Acreditava-se anteriormente que sua pele escureceu durante o processo de mumificação”, disse Albert Zink, chefe do Instituto de Estudos de Múmias da Eurac Research, um centro de pesquisa privado com sede em Bolzano.“Parece que a cor escura da pele da múmia é bem próxima da cor da pele do ‘Homem de Gelo’ durante sua vida”, disse Zink, coautor da pesquisa publicada nesta quarta-feira (16) na revista científica “Cell Genomics”.Não é tão surpreendente que Ötzi tivesse pele escura, afirmou Zink, observando que muitos europeus naquela época provavelmente tinham pigmentação de pele mais escura do que muitos europeus de hoje.“Os primeiros agricultores da Europa ainda tinham uma pele bastante escura, que mudou com o tempo para uma pele mais clara, como uma adaptação às mudanças no clima e na dieta dos agricultores. Os agricultores consomem muito menos vitamina D em sua dieta em comparação com os caçadores-coletores”, explicou.
“Parece que o ‘Homem de Gelo’ ainda consumia bastante carne, o que também foi confirmado pela análise de seu estômago, mostrando a presença de carne de íbex [animal mamífero] e veado”, acrescentou.
O coautor do estudo, Johannes Krause, diretor do departamento de arqueogenética do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, Alemanha, disse que as descobertas sugerem que o “Homem de Gelo” em vida se parecia muito mais com a própria múmia.
“É notável como a reconstrução é influenciada por nosso próprio preconceito de um humano da Idade da Pedra da Europa”, disse Krause em um comunicado.Embora a antiga análise de DNA sugerisse que Ötzi tinha calvície masculina, não é possível ter certeza até que ponto ele já perdeu cabelo em sua vida, disse o arqueólogo Lars Holger Pilø, codiretor do projeto Secrets of the Ice, na Noruega. Ele estudou Ötzi, mas não esteve envolvido nas pesquisas mais recentes.