
Seleção feminina da Jamaica se recusa a jogar próximos jogos em protesto contra federação
Jamaicanas exigem, entre outras questões, prêmios não pagos pela participação na última Copa do Mundo
Apenas dois meses após a conclusão de uma Copa do Mundo Feminina que quebrou recordes, o futebol feminino está mergulhado em outra crise, desta vez com as jogadoras jamaicanas, que se recusaram a jogar por seu país nas próximas partidas internacionais.
Em um comunicado compartilhado nas redes sociais no fim de semana por atletas da equipe que disputou o Mundial, incluindo a capitã Allyson Swaby e a atacante Khadija Shaw, os jogadores em questão disseram que estavam assumindo uma “postura drástica” na tentativa de acabar com “constantes maus-tratos” do seu órgão governamental nacional.As jogadoras, diz o comunicado, ainda aguardam pagamentos por sua participação na Copa do Mundo e acusam a Federação Jamaicana de Futebol (JFF) de má gestão. O comunicado também acusou a entidade de “comunicação pouco profissional” e diz que as atletas só souberam da contratação de seu novo treinador, Xavier Gilbert, através das redes sociais. Gilbert foi assistente do ex-técnico Lorne Donaldson.“Lidamos com essa falta de comunicação, má organização, má gestão e atrasos nos pagamentos do JFF repetidas vezes”, disse o comunicado, que foi assinado “Com amor, suas Reggae Girlz”.“Por essas razões, assumimos a nossa posição com a esperança de acabar com este ciclo de maus-tratos.” Em um comunicado publicado no seu site, a federação afirmou que suspendeu qualquer “convocação das jogadoras em questão” até que as questões contratuais sejam resolvidas.“A JFF está ansiosa para esclarecer todas as preocupações que os membros da equipe possam ter de acordo com os contratos. Se houver uma reclamação ou preocupação, esta deve ser colocada diretamente na mesa para ser endereçada e documentada à JFF.”A Jamaica não é a única equipe da Copa do Mundo disputada neste ano a enfrentar sua federação após um torneio que estabeleceu recordes de público e viu surgir novas estrelas e equipes.A seleção espanhola, que venceu o torneio pela primeira vez, manteve uma frente unida durante um escândalo que chamou a atenção do mundo, forçando a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) a mudanças radicais na esteira do beijo do então presidente Luis Rubiales na jogadora Jennifer Hermoso durante a cerimônia de premiação.
Grande parte da seleção espanhola vencedora da Copa do Mundo boicotou os jogos subsequentes para impor mudanças no corpo diretivo da federação. Após semanas de duras críticas, Rubiales renunciou e o ex-técnico Jorge Vilda perdeu o emprego. Muitas das jogadoras, incluindo Hermoso, concordaram em representar seu país novamente.
- 1 de 9Em 2023, tivemos uma campeã inédita. Em sua terceira participação em Copas, a Espanha superou a Inglaterra no Estádio Olímpico de Sydney, em vitória por 1 a 0. Crédito: Will Murray/Getty Images
- 2 de 9Os Estados Unidos, liderados por Megan Rapinoe, conquistaram o título em 2019, o quarto do país na história dos Mundiais. As norte-americanas superaram a Holanda na decisão do torneio, disputado na França Crédito: Fifa/Divulgação
- 3 de 9Em 2015, a seleção dos Estados Unidos interrompeu 16 anos de jejum e conquistou a taça ao bater o Japão na final, por 5 a 2, no Canadá Crédito: US Soccer/Divulgação
- 4 de 9No Mundial de 2011, disputado na Alemanha, o Japão se consagrou campeão ao vencer os Estados Unidos na final, nos pênaltis. É até hoje o único título de uma seleção asiática nas Copas do Mundo, sejam masculinas ou femininas Crédito: Fifa/Divulgação
- 5 de 9Em 2007, na China, a seleção alemã conquistou o bicampeonato mundial. Na final, a equipe venceu o Brasil, de Marta, por 2 a 0 Crédito: Christof Koepsel/Bongarts/Getty Images
- 6 de 9Na Copa do Mundo de 2003, a Alemanha conquistou o seu primeiro título mundial. A competição, organizada nos Estados Unidos, viu as alemãs vencerem as suecas na decisão Crédito: Fifa/Divulgação
- 7 de 9Em 1999, na primeira Copa organizada nos Estados Unidos, as norte-americanas levantaram a taça diante da sua torcida. Na final, bateram a China, nos pênaltis, para conquistar seu segundo título Crédito: Fifa/Divulgação
- 8 de 9No segundo Mundial Feminino da história, disputado na Suécia, a Noruega superou a Alemanha na decisão por 2 a 0 para conquistar seu primeiro e único título até hoje Crédito: Fifa/Divulgação
- 9 de 9Em 1991, a Fifa organizou a sua primeira Copa do Mundo Feminina da história. Os Estados Unidos ficaram com a taça ao vencer, na final, a seleão norueguesa por 2 a 1. O torneio inaugural foi disputado na China Crédito: Fifa/Divulgação
Uma longa batalha
Durante anos, a seleção feminina da Jamaica lutou por melhores pagamentos e condições de trabalho. A equipe foi dissolvida entre 2008 e 2016 devido aos problemas financeiros, mas contra todas as probabilidades — e com ajuda da filha de Bob Marley, Cedella — a Jamaica se classificou para sua primeira Copa do Mundo em 2019.
Antes da Copa do Mundo deste ano na Austrália e na Nova Zelândia, muitos membros da equipe principal escreveram uma carta aberta à JFF expressando sua “extrema decepção” com o que descreveram como condições “abaixo da média” durante os preparativos para o torneio.Numa declaração publicada em seu site na época, a JFF reconheceu que “as coisas não foram feitas com perfeição”.Apesar dos problemas fora de campo, as jogadoras da Jamaica mais uma vez desafiaram as expectativas este ano ao passarem por um grupo na Copa do Mundo que incluía França, Brasil e Panamá.- 1 de 9Marta iniciou sua primeira partida como titular nesta Copa do Mundo Crédito: Alex Pantling - FIFA/FIFA via Getty Images
- 2 de 9Seleção jamaicana posa para a foto oficial antes da partida em Melbourne, na Austrália Crédito: Robert Cianflone/Getty Images
- 3 de 9Com Marta entre as 11 e de uniforme azul, equipe brasileira posa para a foto antes de enfrentar a Jamaica Crédito: FIFA/FIFA via Getty Images
- 4 de 9Torcedor brasileiro, de rosto pintado com as cores da bandeira, canta durante o jogo do Brasil Crédito: Chris Putnam/Future Publishing via Getty Images
- 5 de 9As capitãs Khadija Shaw e Marta trocam flâmulas e se cumprimentam antes do duelo pela fase de grupos da Copa do Mundo Crédito: Alex Pantling - FIFA/FIFA via Getty Images
- 6 de 9A jamaicana Khadija Shaw no chão após dividida no primeiro tempo de Jamaica x Brasil Crédito: Robert Cianflone/Getty Images
- 7 de 9Ary Borges, que marcou três gols na estreia, lamenta oportunidade desperdiçada no primeiro tempo Crédito: Elsa - FIFA/FIFA via Getty Images
- 8 de 9Marta cumprimenta as companheiras no banco de reservas após ser substituída no fim do segundo tempo Crédito: Elsa - FIFA/FIFA via Getty Images
- 9 de 9Shaw, principal jogadora da Jamaica e que atua no Manchester City, da Inglaterra, comemora a classificação das jamaicanas às oitavas de final da Copa Crédito: Elsa - FIFA/FIFA via Getty Images